ATA DA DÉCIMA SEGUNDA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 14.11.1991.

 


Aos quatorze dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Segunda Sessão Extraordinária da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dez horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Antonio Hohlfeldt, Airto Ferronato, Clóvis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Nelson Castan, Nereu D'Ávila, Omar Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha e João Bosco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 163/90 que, após ter sido discutido pelos Vereadores João Dib, Adroaldo Correa, Clóvis Ilgenfritz, Vicente Dutra, Elói Guimarães, Antonio Hohlfeldt e João Motta, teve adiada sua discussão por duas Sessões, a Requerimento, aprovado, do Vereador Leão de Medeiros. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 85/91, com Declaração de Voto dos Vereadores José Valdir e Giovani Gregol, após ter sido discutido pelos Vereadores João Dib, Nereu D'Ávila, Gert Schinke, José Valdir, Airto Ferronato e Giovani Gregol, e foi aprovado Requerimento do Vereador Gert Schinke, solicitando que este Projeto seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Ainda, foi apregoado Requerimento do Vereador Isaac Ainhorn, subscrito por mais dezesseis Vereadores, solicitando a realização de Sessão Extraordinária na data de hoje, para que possa correr pauta o Substitutivo do Vereador Lauro Hagemann ao Projeto de Lei do Legislativo nº 198/91. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 87/91. Ainda, foi apregoado Requerimento do Vereador Nereu D'Ávila, solicitando que este Projeto tenha adiada sua discussão por cinco Sessões. Os trabalhos estiveram suspensos por dois minutos, nos termos regimentais. Às doze horas e trinta e cinco minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária desta tarde, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt e Airto Ferronato e secretariados pelos Vereadores Leão de Medeiros e Dilamar Machado, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Havendo “quorum”, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 2368/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 163/90, de autoria do Ver. Leão de Medeiros, que possibilita a fiscalização pelas bancadas parlamentares, com representação na Câmara Municipal, dos atos de concorrência pública de iniciativa do Poder Executivo Municipal. 

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Omar Ferri: pela rejeição do Projeto;

- da CFO. Relator Ver. Airto Ferronato: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- Incluído na Ordem do Dia por força do art. 81, da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Não tendo sido distribuído o material, suspendemos a Sessão para a distribuição e análise da matéria.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 10h06min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 10h08min): Estão reabertos os trabalhos.

Em discussão o PLL nº 163/90, Proc. nº 2368/90. Para discutir, tem a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Projeto em discussão é de autoria de um Vereador membro da Bancada do PDS e, por isso, estou colocando, com a tranqüilidade de sempre, as minhas dúvidas para que, depois, o Plenário também possa se esclarecer.

Diz o art. 1º: "Quando o Poder Executivo promover concorrências, o Órgão responsável convidará as bancadas dos partidos políticos com assento na Câmara Municipal, para que assistam e testemunhem os respectivos atos de elaboração de editais, divulgação, julgamento, adjudicação e contratação, atendendo aos seguintes quesitos..."

Chamo a atenção, Sr. Presidente e Srs. Vereadores; de que por duas vezes pedi a convocação dos Líderes desta Casa, neste recinto para que nós pudéssemos colocar a posição da Câmara em razão do não-cumprimento de uma decisão de Plenário. Por duas vezes, fiz esta solicitação. Tivemos apenas dois Líderes: esse que vos fala, e mais outro Líder, além do Presidente. Se nós fizermos isso aqui o Executivo convidará e se não participarmos, nós teremos dado o aval para qualquer situação que não poderemos mais julgar de maneira diferente. Eu acho uma coisa boa fiscalizar, mas fiscalizar implica responsabilidade e, depois, defesa. Porque se eu digo "fiscalizei e dei o aval", eu sou obrigado a defender. E não acredito que tenhamos tempo e condições para fazer isso aqui.

Por outro lado, o inciso primeiro, do art. 1º, diz que "o convite às bancadas partidárias será encaminhado no prazo mínimo de quinze dias, antes da publicação do respectivo edital, trancando-se, de imediato, toda documentação solicitada por seus representantes." Para que o Executivo possa atender essa exigência, nós estaremos entravando o Executivo, dificultando, porque quinze dias antes muitas vezes não se têm as regras todas para um edital de concorrência, estão dependendo de alguns cálculos, dependem de alguma verificação jurídica na Procuradoria, enfim, dependem de uma série de detalhes e nós estaremos sempre atrasando e seremos outra vez responsabilizados pela deficiência que venha a ocorrer no atendimento de obras preconizadas pela população. E aqui, no inciso terceiro, está dizendo que "as bancadas poderão requisitar a participação de servidores públicos municipais habilitados, de sua confiança, que ficarão dispensados do respectivo expediente enquanto presentes aos atos licitatórios a que se refere o 'caput'." Então, eu acho que realmente tem que ser muito bem pensada e tenho certeza de que o nobre Ver. Leão de Medeiros vai prestar a sua explicação maior para que nós possamos votar com tranqüilidade. Eu gostaria de uma análise muito profunda, porque nós estaremos assumindo ou não responsabilidade. Responsabilidade nós temos de analisar as contas do Executivo, que não nos manda as contas para a análise e a nossa Comissão de Finanças e Orçamento também não analisa as que chegaram. Agora, quero dizer que aqueles dados que o Presidente da Comissão de Finanças recebe não permitem mesmo uma análise concreta do que está acontecendo na administração do orçamento da Prefeitura. Dessa forma, a Lei Orgânica diz também que nós, a qualquer momento, podemos interferir em qualquer secretaria do Município, sem aviso prévio, e devem nos ser fornecidas todas as informações solicitadas. Acho que nós temos que pensar muito. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Adroaldo Corrêa pelo PT.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr.  Presidente e Srs. Vereadores, pode até parecer surpreendente eu concordar com o Ver. João Dib alguma vez, mas e subo à tribuna, imediatamente após uma palavra do Ver. João Dib e concorde com alguns dos termos que ele colocou, mas já tínhamos essa discussão e, principalmente, a nossa participação enquanto Vereadores nos atos de elaboração de editais me parece uma coisa meio surpreendente. Seremos convidados e, obviamente, teremos aquilo que o Ver. João Dib coloca que de responsabilidade com o que foi feito lá, mas lá no Executivo, onde está o controle externo, a atribuição constitucional da Câmara de Vereadores? Se perde lá, neste ato de elaboração de edital, nesta participação de presença no julgamento porque é divulgação, participação de presença no julgamento, porque é: divulgação, julgamento, adjudicação e contratação, onde teremos presença. Qual é o significado da nossa presença lá, naquele momento, enquanto somos um poder autônomo. O Executivo é também um poder autônomo. É uma dúvida que eu espero que o Ver. Leão de Medeiros me esclareça, porque eu também acho que se deva ter este acompanhamento, se deva ter a documentação, se tenha a possibilidade da transparência permanente. Mas lembraria que tem o Art. 61 da LOM que trata da fiscalização contábil, financeira e orçamentária que nós fizemos nesta Câmara de Vereadores, Ver. Leão de Medeiros, principalmente Ver. Airto Ferronato, V. Exª e eu que participamos da Comissão da Lei Orgânica que tratou do orçamento e da fiscalização, portanto, que diz que a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do exercício será exercida pela Câmara Municipal, mediante controle externo e ampliando a nossa atribuição. A outra é uma restrição que creio que o Ver. João Dib não tenha falado, mas talvez concorde: o servidor público é servidor da Cidade, de confiança do Município de Porto Alegre. E o Ver. Leão de Medeiros diz no inciso 3º do art. 1º que para atender ao  disposto neste artigo; "as bancadas dos partidos políticos poderão requisitar a participação de servidores públicos municipais habilitados, de sua confiança".

Todos os servidores públicos municipais são da confiança de todos os Vereadores, ou nenhum é de um partido.

Porque isto é atribuir a partidarização do serviço público, quando o serviço público não pode ser do governante eventual, e sim responsável deste crédito, do conjunto da Cidade.

Acho, com certeza, que esta confiança em alguns vai gerar a desconfiança nos demais. E isto é discriminar o servidor público.

Creio, Ver. Leão de Medeiros, que pelo menos este inciso é uma demasia, além do que está propondo o projeto, que já é uma demasia naquilo que a Câmara de Vereadores tem de competência que é o controle externo da atividade administrativa. Este ato de escolher para participação representantes do quadro dos servidores públicos municipais habilitados, que sejam da confiança da Bancada gera para o futuro em relação aos servidores em que se depositou a confiança a perspectiva do estigma: este é da confiança do PDS, este é da confiança do PT, este é da confiança do PMDB. E como fica a carreira deste servidor? E se ele se recusar ser da confiança requisitada por uma bancada, como fica o servidor que se recusar? Ah ele não é da confiança do PDS, que o requisitou, ele não é da confiança do PT que o requisitou, ele não é da confiança do PMDB que o requisitou.

Nós estamos trabalhando com o quadro do serviço público municipal e atribuindo a ele uma coisa que ele não pode ter, uma identificação partidária que ele não pode ter, uma identificação partidária, porque ele é servidor público do povo da Cidade de Porto Alegre, não da confiança de um partido. Pelo mínimo, ele passa por esta questão. Não estou dizendo que o servidor público não possa ter opção partidária. Mas, no serviço público, ele tem a confiança da Cidade e não a desconfiança dos demais Partidos que não o requisitaram, ou a desconfiança do Partido que requisitou e eventualmente por livre e espontânea vontade no seu direito ele não aceitou. Isso é grave! E não pode ficar aqui, Ver. Leão de Medeiros, sob pena de gerar sobre o quadro de servidores públicos a pecha de não ter sido da confiança de determinado Partido em determinado momento e, portanto, este está marcado para o resto da vida. Assim, o funcionário deve se dispor honesta e espontaneamente a ceder informações, porque as informações são públicas e devem ser cedidas e solicitadas e nós temos o direito de buscar estas informações, mas isso não significa normatização, perfilar com um Partido não é obrigação, é ato espontâneo de adesão livre da consciência de cada um. Portanto, por estas duas questões, por escapar às objetivas atribuições da Câmara, e seu controle externo e por atribuir estigma, sendo proposital ou não, por opção, mas por contingência ao conjunto dos servidores, eu tendo a ser contrário, neste momento, ao projeto, pelo que está colocado nos artigos, não pelas razões do Ver. Leão de Medeiros que é necessário fiscalizar a concorrência pública, porque eu continuo achando necessário fiscalizar a concorrência pública, mas, por este método, me parece arbitrário, e impondo ao servidor público uma carga que talvez ele não deseje. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem a palavra com o Ver. Clovis Ilgenfritz.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queremos crer que o Ver. Leão de Medeiros tem uma nobre intenção de aperfeiçoar a fiscalização dos atos do Executivo, colocando para a discussão neste Plenário, um Projeto, que no nosso entender e no entender da Liderança da própria Bancada do Ver. Leão de Medeiros, como dizem os advogados é despiciendo. Por que complicar se dá para simplificar? Nós entendemos que já existe toda uma legislação pertinente a nível Federal, Estadual, a Lei Orgânica, os controles do Tribunal de Contas do Estado, todos os aspectos que regem uma concorrência pública que estão amplamente legislados. E a nossa reclamação permanente, o que ouvimos na rua, a fama que existe no setor público é de que está emperrado e burocratizado. E quer o Ver. Leão de Medeiros na sua boa intenção, criar mais um obstáculo para que o serviço público seja rápido e eficiente, como se não bastassem as nossas formas de fiscalização já existentes. Aduzindo aos argumentos dos Vereadores: João Dib e do Ver. Adroaldo Corrêa da nossa Bancada, lendo o Parecer da Auditoria Jurídica, colocamos o que está no parágrafo, no último, dizendo: o controle externo a cargo da Câmara com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado nos termos e limites das normas constitucionais. Entendo, Sr. Presidente, que a matéria de que trata o presente Projeto de Lei nº 163/90, por se inserir dentro do controle interno do Executivo está em desconformidade com os artigos: 70, 71 e 74 da Constituição Federal. Mais adiante, isso assinado pela Drª Marion que é a auditora-geral da Casa, mais adiante, isso assinado pela Drª Marion que é a auditora-geral da Casa, mais adiante, num Parecer brilhante do Ver. Omar Ferri, ele acrescenta outros argumentos e coloca que com base nesses argumentos, opina pela rejeição do presente Projeto de Lei. E, é só aduzir esses dois argumentos ao que já foi dito e dizer que nós, da Bancada do Governo, não temos nenhum problema em achar que esse Projeto peca pelo exagero, pela burocratização e pelo aspecto legal e constitucional. Então, não há por que nós aceitarmos esse tipo de desafio colocado pelo Ver. Leão de Medeiros, de que se nós queremos a transparência porque que nós não vamos admitir isso? Não, nós queremos a transparência e ela está havendo de tal forma que, através dos dispositivos legais, hoje, existentes, temos condições de verificar qualquer coisa, em qualquer momento, basta um pedido de informação, basta que se movimentem as possibilidades institucionais existentes. Então, Vereador, no nosso entender, esse Projeto é, no mínimo, uma redundância e uma burocratização do processo de licitação do poder público. Por outro lado, os incisos 1, 2, 3 do Art 1º do Projeto, também deixam muito a desejar, conforme disse o Ver. Adroaldo Corrêa, em especial o inciso III, no caso da nomeação de servidores. Imaginem só, cada concorrência que for feita pela Secretaria da Fazenda ou outro órgão qualquer da administração indireta, inclusive, ser chamado um representante por bancada, para sentar, além de todos os funcionários que estão envolvidos no assunto, além dos concorrentes, mas, assim, um pequeno exército fiscalizador. Eu acho, que temos que analisar pelo absurdo -eu acho que é um absurdo- isto pode até se transformar num balcão a mais de negócios. Na atual conjuntura brasileira, onde quem fizer certo, está errado, isto pode se transformar num balcão de negócios.

Tudo bem, eu quero ser fiscal também! Mais um para comer um pedacinho da bola que precisa para passar. Isto é uma barbaridade!

Então, sinceramente, Ver. Leão, com todo o cuidado, tentei achar a forma de acompanhar este raciocínio, mas tanto o parecer da Auditoria, como o parecer do Ver. Omar Ferri, em nome da CJR. e mais os argumentos do Ver. João Dib, Líder da Bancada do PDS, ex-Prefeito, do Ver. Adroaldo Corrêa. Eu estou convencido de que este Projeto não tem condições de ser aprovado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, com a palavra o Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto de Lei do Ver. Leão de Medeiros, eu tenho que admitir, ele é redundante e entendo até que sob certos aspectos ele é inócuo. Entretanto, é uma manifestação de vontade desta Casa de estar presente neste momento importante que é o da concorrência, o momento em que vai se decidir uma licitação. Eu entendo que ele é redundante - usando, aqui, um termo do Ver. Clovis Ilgenfritz - porque está escrito na Constituição Federal e na nossa Lei Orgânica que compete a esta Casa e, portanto aos Srs. Vereadores, a fiscalização e o controle direto dos atos do Poder Executivo. De modo que cada Vereador deve exercer este direito em toda a sua plenitude, através da manifestação do Plenário, usando esta tribuna, usando os meios de comunicações que sempre são abertos para manifestação dos Vereadores. Mas podendo exercer e devendo exercer diretamente estes atos de fiscalização em qualquer repartição pública, no âmbito do Município. Aliás, é um direito que nós usamos muito pouco: ninguém pode barrar, sob pena de estar infringindo Lei Federal, a Constituição, e, portanto, crime de responsabilidade, a presença de qualquer Vereador, em qualquer repartição, em qualquer ambiente, em qualquer local. Segunda-feira, exerci esse direito, evidentemente pedi que fosse convidado, para não ser chamado de truculento, mas estive presente numa reunião do Conselho de Contribuintes do Município. E, na próxima segunda-feira, retorno a essa reunião, porque eu quero discutir com os Srs. Conselheiros alguns aspectos que entendo equivocados de decisões tomadas pelo Executivo, e referendadas pelo Conselho, no tocante a imunidades de entidades assistenciais. Então tínhamos um debate amplo, muito cordial, muito profícuo, e tenho certeza de que muita coisa ficou esclarecida. Mas, eu exerci esse direito e disse que desejava ser convidado. Mas, se não houvesse o convite, eu iria lá de qualquer maneira. Eu iria lá, Ver. José Valdir, nós podemos assentar em qualquer conselho, em qualquer hora, em qualquer momento, em qualquer repartição, porque esse é um direito nosso. Ninguém pode nos barrar, mas façamos de forma inteligente e cordial. Usemos esse direito na sua plenitude. Entretanto, acho que o Projeto de Lei do Ver. Leão de Medeiros, o qual votarei favorável, é um avanço porque diz da preocupação desta Casa com relação a licitações. Tivemos, há poucos dias, a aprovação pela CPI que examinou o contrato da compra de incineradores, numa Comissão presidida pelo Ver. Vieira da Cunha, eu fui o relator, e aprovada por quase unanimidade da CPI, e realmente ocorreram irregularidades graves naquela contratação. Então, se tivesse havido nesse momento a presença da Câmara de Vereadores, possivelmente essas irregularidades não teriam ocorrido. Agora, eu comunico ao Sr. Presidente da Casa, estou ingressando na ATP com pedido de um estudo de uma modificação, não sei se da Lei Orgânica, ou quem sabe de uma Lei Complementar, restituindo um ato que era muito salutar nesta Casa, e o Ver. Adroaldo Corrêa me escuta atentamente, e que V. Exª não tem oportunidade de exercitar, mas que os Vereadores mais antigos exercitaram na sua plenitude, que era o exame dos chamados Pedidos de Autorização. Então a Casa era assoberbada de volumes de pedidos de processo, os Vereadores tinham que trabalhar muito mais, mas e daí? Então, um contrato, Ver. Adroaldo Corrêa, por exemplo de manutenção de instalações telefônicas passava pela Casa, contrato de manutenção de elevadores, passava pela Casa, um contrato para construção dos corredores passava pela Casa, então, desde o pequeno contrato, contrato simples, singelo de máquina de escrever, por exemplo, passava pela Casa, mas passavam também os grandes contratos, as grandes concorrências e essa Casa se debruçava e ela era co-partícipe em qualquer coisa errada que tivesse lá, ainda me recordo de um contrato que foi examinado nesta Casa e que foi encontrado uma pequena irregularidade e ali a Casa se manifestou contra, tratava-se de um contrato de estudos técnicos para a implantação de sistema de onda verde, veio para Casa se descobriu ali uma irregularidade e a Casa então, mandou de volta o Projeto, aí na ocasião consta que o Prefeito Villela achou que aquilo tinha sido uma demasia e não encaminhou mais o Projeto, resultado, a cidade de Porto Alegre ficou sem o sistema de ondas verdes. Não tem importância, mas pelo menos ela agiu na sua plenitude, no seu direito de fiscalizar, encontrou irregularidade e devolveu o Projeto. Quantos e quantos Projetos eu relatei também, Pedido de Informações, Pedido de Diligências para que ficassem cientes de que esta Casa estava atenta aos contratos.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª tem a minha solidariedade nesse estudo, mas acho que não eram todos os contratos examinados na Casa, mas os mais importantes e aqueles de determinados serviços. Mas é realmente muito bom que a Casa possa examinar, tem o meu apoio.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Eu tenho impressão que lá na outra legislatura que eu não participei diminuíram sensivelmente os contratos, mas quando fui Vereador, como V. Exª em 1977 a 1982, realmente vi o contrato muito pequeno, havia uma queixa já com os Vereadores de que aqui examinavam os contratos, hoje, de valor de 50 mil manutenção de uma máquina de escrever, passava pela Casa, não tem importância, a Casa está aqui para trabalhar, vai dar um volume muito grande de serviço, nós podemos examinar com menos atenção estes menores, deixar que as nossas equipes técnicas, sobre a nossa ótica examine esse Projeto, mas vamos examinar com mais detalhe um contrato tipo compra de incinerador que envolvia na ocasião 150 milhões de cruzeiros. Ora, 150 milhões de cruzeiros dá para fazer muita coisa nessa cidade que é uma cidade extremamente carente.

 

O Sr. Leão de Medeiros: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que V. Exª, com seu pronunciamento, está até justificando o projeto, porque, veja bem, em decorrência de alegadas irregularidades que chegaram a público esta Câmara foi obrigada a agir, estão aí, temos uma CPI do incinerador de uma venda equivocada, a CPI do carnaval, o senhor foi Relator da CPI da Revista DumDum, isso são fatos mais concretos e recentes, nada disso poderia ocorrer se a Câmara tivesse sido convidada a participar desses atos licitatórios. É apenas uma transparência maior, e até uma cortesia de poder para poder de atos administrativos que estão sendo feitos.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Concordo com V. Exª, apenas ressalvo, Ver. Leão de Medeiros, e claro, como disse no início, a nossa participação é um grande passo, estaremos presente, só que esses processos são volumosos, complexos, então, necessitariam um estudo mais acurado dos autos do processo, precisamos examinar folha por folha, às vezes, nós mesmos fazemos um estudo à parte, pedir diligências, evidente, que a nossa presença no ato de uma assinatura de uma concorrência é importante, mas, muitas vezes, poderá ser prejudicada, porque não temos um acesso concreto, mais efetivo, das informações contidas nos autos do processo. Por isso, acho que é um avanço o processo de V. Exª, vou votar, e conclamo os senhores Vereadores para que votem, mas vamos aprofundar  um pouco mais, restabelecendo o salutar ato que esta Casa exercia, na sua plenitude, de examinar os Pedidos de Providência, dando inclusive, tranqüilidade ao seu Prefeito, Embaixador, porque, de repente, ele está lá, é um homem honesto, probo, sei , é preocupado, a administração é assim, já disse isso desta tribuna, mas quem diz que na ponta, num setor, não há uma maracutaia? Quem disse?

Quando era administrador público chegava lá o pessoal do Tribunal de Contas, eu achava aquilo muito bom, porque, de repente, tinha uma maracutaia que eu não estava sabendo, e o Tribunal me dava essa tranqüilidade de examinar a fundo todos os atos administrativos da gestão da qual eu era o administrador principal. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós entendemos que este Projeto de autoria do Ver. Leão de Medeiros encerra inquestionavelmente uma idéia, e boa, na medida em que ele chama a atenção da Casa para uma das suas finalidades fundamentais que é o processo fiscalizatório. Mas ele goza de uma esplêndida inconstitucionalidade, é um Projeto que não se coaduna, não se ajusta dentro dos princípios que regem os negócios e os atos públicos, os atos administrativos. A licitação pública, que é um processo, um mecanismo que utiliza a União, os Estados e Municípios para a aquisição de bens, realização de obras; a licitação pública, ela tem todo um estatuto relacionado com a licitação pública. Nesse sentido eu tenho, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, examinado muitos autores consagrados do Direito Administrativo, Prof. Helly Lopes Meirelles, Prof. Cretela Júnior, Mário Marzagão e outros que examinam com profundidade não só a questão interna do processo de licitação, os mecanismos estruturadores do processo de licitação, como também os limites na questão das competências. Sabemos todos que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário têm as suas competências firmemente balizadas na Constituição. E, me parece, que esta formulação interfere na competência do Poder Executivo, sem falarmos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, da parafernália burocrática que o Projeto criaria. Imaginem todo ato de licitação, aqui o Projeto fala em concorrência. Vejam bem: ele peca já porque a concorrência é uma espécie e onde é que fica a concorrência, Ver. Leão de Medeiros, que é uma espécie do gênero de licitação pública. Então, vejam que ele se dirige à concorrência e deixa à margem outros mecanismos que utilizam a Administração para feitura, para realização de obras e serviços. Então, há uma dificuldade aqui, se chama as bancadas para examinarem as concorrências, mas não se chama as bancadas para examinar os convites que são formas, espécie, do gênero licitação. Então, aqui já há uma dificuldade orgânica do Projeto para que ele tenha as qualificações necessárias para provocar esta alteração no mecanismo de relacionamento de Legislativo e Executivo. Dispõe o legislativo, as Câmaras Municipais, de resto as Assembléias Legislativas e o Congresso Nacional de disposições várias para estabelecer fiscalização dos atos do Poder Executivo. Aliás, eu diria, até, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que é ínsito ao mandato parlamentar a fiscalização. O Vereador dispõe de forma ampla do poder de fiscalização para interceder em todos os atos, negócios jurídicos, administrativos, na área da Administração Pública. Nós temos mecanismos internos de fiscalização da maior relevância é a Comissão de Inquérito, hoje já se pode chamar de Comissão Parlamentar de Inquérito,  a partir da Constituição de 1988, onde o Município cresceu na estrutura Federativa. O município hoje goza de um prestígio na estrutura Federativa que não lhe coloca mais como uma espécie de autarquia Administrativa, como alguns entendem, autarquia territorial. Hoje o município no nosso entender é o poder, a própria Constituição no seu artigo primeiro diz que a República Federativa do Brasil será constituída pela União, pelos Estados e pelos Municípios e pelo Distrito Federal, então o município cresceu, hoje é o poder. E na medida que é poder, podemos chamar de Comissão Parlamentar de Inquérito, o que no passado me parece que se forçava a expressão, quando se falava em Comissão Parlamentar de Inquérito, que na realidade eram Comissões de Inquérito. Hoje entendo que são Comissões Parlamentares de Inquérito. Então, dispõe o Vereador, o Deputado, o Senador de forma ínsita, Ver. João Antonio Dib, é congênito, no momento que V. Exª nas urnas recebe o mandato popular, nasce junto o poder de fiscalização na área, nos limites da competência para de forma vamos dizer assim, mais ampla, a mais irrestrita, eu até diria, “erga ommes”, para usar uma expressão do latim, ou seja, contra todos, de usar o poder fiscalizatório. Então me parece Ver. Leão de Medeiros que o seu Projeto mexe numa idéia muito boa, chama atenção, mas ele é inconstitucional, ele cria mecanismos burocráticos quase que invensíveis, e peca o Projeto de V. Exª por trazer apenas uma espécie do gênero licitação, porque concorrência é apenas uma espécie, nós temos aí concurso, o aviso, convite, que são mecanismos que utilizam o poder público para fazer as suas compras, para fazer as suas obras etc. Então vejo todo esse conjunto de dificuldade, por isto me coloco contrário ao projeto pelos aspectos de ordem constitucional e pela inorganicidade do Projeto. Mas cumprimento por outro lado V. Exª pela idéia, a idéia nos toca naquela funcão que nós temos que é fiscalizar em toda a sua extenção, os atos, os negócios jurídicos ligados aos interesses últimos, aos interesses da cidade que dizem respeito ao interesse maior da população. Neste sentido vou votar contra o Projeto pelas razões que aqui escassamente aduzi contrariamente a iniciativa do Ver. Medeiros. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem de inscrição Ver. Antonio Hohlfeldt. Solicitaria do Ver. Airto Ferronato que assumisse a Presidência dos Trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente dos trabalhos, Srs. Vereadores, acho, fundamentalmente, que em uma discussão sobre um Projeto se deve verificar dois aspectos: o aspecto do mérito e o aspecto da legalidade.

Não por um acaso a Comissão de Justiça e Redação se opôs ao Projeto do ponto de vista da legalidade, e sobre esse aspecto, bem desenvolveu aqui a questão, tanto o Ver. João Dib, Ver. Adroaldo Corrêa, dentre outros Vereadores. Significa portanto que necessariamente o Ver. Leão de Medeiros tem que rever a forma da proposta, os termos em que a proposta está colocada. No entando, gostaria de chamar a  atenção dos Srs. Vereadores, que quanto ao mérito, é indiscutível, e bem enfocou o Ver. Vicente Dutra.

Eu já tenho conhecimento, não tive tempo hoje de manhã de participar da discussão da minha Bancada, e evidentemente manterei a posição da Bancada. Mas na discussão, gostaria de lembrar, que ao longo de seis anos em que fui Vereador de oposição, e fui o único Vereador representante do Partido dos Trabalhadores nesta Casa. Fiz uma fiscalização permanente e dura, ao então Prefeito João Dib, e ao Prefeito Alceu Collares, dura, firme e respeitosa. E era fundamental a análise de muitos protocolos, de muitos dos acordos, de muitos dos convênios que eram firmados entre o Executivo e as empresas privadas ou outros poderes.

Com a Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica de 1990, na verdade nós criamos um pequeno quiproquó, e acho que tem sido prejudicial ao Executivo, ao Legislativo e, conseqüentemente, à Cidade de Porto Alegre. E nesse ponto gostaria de enfocar o projeto do Ver. Leão de Medeiros. O Ver. Artur Zanella levantou, por diversas vezes, a questão de que não têm vindo à Casa os grandes convênios e contratos firmados entre o Executivo e prestadores de serviços, e outras entidades, inclusive a nível governamental, seja do Estado ou Federal. Isso tem gerado questões. Não gostaria, como Vereador de Oposição, de desconhecer coisas que um Executivo pratique, e como acho que o Executivo do meu Partido tem absoluta seriedade e transparência, a mim agrada muito que o Executivo envie certos contratos para análise da Casa.

Gostaria de lembrar aos Vereadores que, por força da mesma Lei Orgânica, antiga - e evidentemente que com uma previsão desse tipo temos que ter uma garantia base - pois a nossa Lei Orgânica, antiga, dizia que a Câmara examinaria os contratos, convênios, mas que não os poderia modificar, a não ser com a aquiescência das partes, o que evitava, evidentemente, uma coisa que, às vezes, é comum: aparece lá um Vereador, um Deputado qualquer e resolve fazer charme para ser notícia na imprensa, mete a mão, esculhamba com o contrato todo, e o Ver. Vicente Dutra até lembrava a questão do "Onda Verde", ainda no tempo do Prefeito Villela.

Temos que garantir transparência, controle, fiscalização, com respeito ao papel do Executivo, e temos que separar o lado da fiscalização que se faz "a posteriori" ao ato, e esse está bem previsto na Constituição, tanto Federal como Estadual, e na Lei Orgânica, de um eventual acompanhamento que me parece que é parte, sim, das nossas atribuições, e das quais eu, Vereador, não abro mão, nem mesmo em relação ao meu Prefeito, que é do meu Partido e que teve o meu voto. E se o Ver. Adroaldo Corrêa, companheiro de Bancada, tem razão quando diz que pode haver choque da legislação nesta presença do Legislativo, eu gostaria de ver o outro lado da questão, que é muito importante e que, aqui, levantava anteriormente o Ver. Vicente Dutra. Poderíamos evitar algumas questões se esses processos a eles nós tivéssemos acesso antecipadamente. Eu não tenho dúvidas e acho que ninguém aqui tem dúvidas, mesmo votando assim ou assado em relação a essa questão do DMLU, quanto à seriedade do companheiro Darci Campani, agora, sem dúvida nós teríamos evitado o qüiproquó do DMLU se nós tivéssemos acompanhado essa discussão juntos e, portanto, nesse sentido, o Legislativo teria dado uma colaboração ao Executivo sem imiscuir-se. Eu levantaria aqui a questão que há algum tempo atrás, nesta tribuna, enfrentei, com o Ver. Isaac Ainhorn, e quando o Vereador levantou dúvidas sobre o trabalho de recuperação da Casa Torelli, a minha disputa e o meu convencimento do Vereador se deu em cima do fato de que esta Casa por inteiro havia sido convidada a visitar o Projeto e se fez ausente e, portanto, não tinha mais direito de levantar suspeita qualquer. Tinha é que calar a boca e votar a favor, porque foi chamada e não compareceu. Pois aí está um processo que me parece que é bastante objetivo. Então, nesse sentido, e ratificando uma vez mais, a fase é de discussão do Projeto, nós poderemos ou não votá-lo hoje. O Ver. Leão de Medeiros está atento, está ouvindo as colocações, está fazendo algumas modificações, já temos mais algumas outras Emendas apresentadas e eu queria, portanto, no meu nome pessoal, e deixando claro que seguirei a conformação da Bancada mas, ao mesmo tempo alertando respeitosamente os meus companheiros, mesmo porque não participei da reunião de hoje de manhã, acho que a questão deveria ser reexaminada por nós, condicionadamente a algumas modificações, eu queria pontuar bem claro essas duas questões. Primeiro, do ponto de vista do mérito, me parece que a idéia do acompanhamento e da abertura é inquestionável. Do ponto de vista da forma, me parece, Ver. Leão de Medeiros, que nós teríamos que dar uma melhorada, quem sabe lá sair para um Substitutivo imediato. Por exemplo, acho, Vereador - e, aí, o Ver. João Dib tem absoluta razão - inócuo se prever um convite para esta Casa, mas acho que em vez de um convite, nós podemos prever a obrigatoriedade da comunicação prévia. Porque o Ver. Vicente Dutra alertou, qualquer um de nós pode chegar lá sem pedir licença, está previsto na nossa Lei Orgânica. Nós temos acesso a todo e qualquer espaço do Executivo. Está lá, na Lei Orgânica, nós não podemos desconhecer isso. Agora, que o Executivo se veja obrigado - talvez não com um prazo tão longo de quinze dias, mas com um prazo de pelo menos uma semana - a comunicar a esta Casa o conjunto de convênios, acordos e contratos que firmará ou que estão sendo encaminhados, estão sendo concluídos. Me parece isso muito positivo para o Executivo, não diminui em nada para o Executivo. Não vem alterar em nada que o Prefeito seja do meu ou de outro Partido. Lembro que todos nós, que hoje somos situação, amanhã, seremos oposição. Não estamos legislando para o momento imediato nem para esta Casa, estamos legislando para a cidade e para um tempo que deverá ser o mais longo possível. Então sugeriria, não como Presidente, nem como Vereador da situação nem como Vereador da oposição, apenas como Vereador que tem procurado ter uma coerência e uma preocupação permanente com as coisas da cidade, o que é da nossa função, que V. Exª, Ver. Leão de Medeiros, não abandonasse a idéia, antes de tudo, que é um idéia boa, mas que revisasse a forma. Acho que esse é o caminho viável. É esse o rumo que devemos seguir. O Legislativo define se quer ou não acompanhar, podendo fazer de várias maneiras. Estamos lá presentes, através de Pedidos de Providências, que tem prazo legal. Infelizmente, não consegui, até agora, convencer a Procuradora do Município, mas espero fazê-lo até o final do ano que vem, para que contratos, convênios e acordos, a partir de determinados valores, devem vir para esta Casa, com a reserva de que esta Casa não pode modificá-los sem a anuência das duas partes.

Mas veja, Sr. Presidente, em 1988, articulei com a anuência dos dois lados, quando o Sr. Miguel, na representação do Teatro Leopoldina, buscava um contrato de consenso com o Município de Porto Alegre para aquela concessão. Procuramos reformular com a anuência do Executivo e da outra parte e, em última análise, desta Casa. Isso não é impossível. Devemos ter seriedade e depende da seriedade das partes.

Então, Vereador, eu sugeriria que se desse um tempo para repensar a matéria e, a partir daí, até a reformulação do projeto na sua forma, nos seus termos, mas não na sua idéia, que eu acho que é uma idéia positiva.

E colocaria à consideração dos meus companheiros, com toda a humildade. Acho que não temos o que esconder, pelo contrário, devemos ter uma colaboração com a democratização do poder, exatamente abrindo ao acompanhamento que pode nos evitar problemas futuros, porque, se houver acompanhamento, a Casa estará junto conosco, do Executivo. E, se não houver, a Casa não terá motivo para cobrar depois, ela será responsável por ausência, por omissão. Mas, de qualquer maneira, ela continuará responsável e co-participante do processo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Motta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, após a intervenção do Ver. Antonio Hohlfeldt fica mais fácil de sustentar esta sugestão do Ver. Leão de Medeiros que adia a votação do projeto. Faço, rapidamente, uma tentativa de justificativa deste adiamento, informado pela idéia, é uma posição pessoal, de que seria possível evoluirmos nesta idéia do Ver. Leão de Medeiros para um projeto mais amplo que localiza os principais problemas de se aprovar este projeto, caso ele venha a ser votado hoje.

Primeiro, ele incide sobre a questão do chamado convite. Diz o projeto expressamente no art. 1º que a Câmara será convidada. Me parece que a figura do convite é uma figura equivocada para tentar objetivar esta possibilidade da Câmara enquanto Poder Legislativo de exercer o seu papel e sua competência de fiscalização de atos do Poder Executivo.

E aí se avizinha uma alternativa para esta idéia que parece que vai na linha colocada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt que se é equivocado falarmos em convite, estabelecermos o prazo de 15 dias para que as Bancadas sejam convidadas a ter acesso, etc. Me parece que a comunicação das Bancadas seria uma alternativa mais viável. Isto porque há uma contradição, me parece, mais de fundo nesta questão, pelo menos, se analisarmos a forma como o Ver. Leão de Medeiros colocou, que é exatamente nesta questão do chamado controle externo, eu acho que se nós aprovarmos o Projeto nos termos como está sendo proposto, não haverá apenas o controle externo, ou seja, o que é feito não só pelo Poder Legislativo mas também auxiliado pelo Tribunal de Contas, aliás é o órgão, pela sua natureza, o órgão competente de fato e especializado para analisar as contas, os atos administrativos, inclusive as licitações do poder público. Mas, neste caso, estaremos extrapolando estas soluções do chamado controle externo e onde haverá, na realidade, um controle paralelo a este procedimento que já está previsto pela Lei. Portanto, me parece que aqui está a grande contradição, digamos assim, ou a grande dificuldade de aprovarmos o Projeto, na medida em que me parece um extrapolamento em relação àquilo que está previsto, se é extrapolamento no que está previsto em Lei, me parece que há um vício de fato sob o ponto de vista da constitucionalidade e da definição das competências.

Sugiro também ao Ver. Leão de Medeiros que adie o Projeto, que pense e reflita nesta linha, ou seja, a possibilidade de nós estabelecermos aqui um Substitutivo ou algumas Emendas, seja que mecanismo for, mas nesta linha de revisar esta idéia do convite e revisar esta idéia do controle externo.

Apenas para efeito de fundamentação da minha posição gostaria de ler o Art. 3º, do Decreto-Lei nº 2030, que também dispõe sobre licitações e contratos da Administração Federal, mas que também está previsto no seu Art. 85, e que se aplica ao Município, que diz exatamente no seu Art. 3º, Parágrafo 3º - “que a licitação ela não será sigilosa, será pública, acessível ao público, os atos do seu procedimento”. Portanto os atos do seu procedimento inclui-se todos os atos do seu procedimento, não apenas a alguns, a lei é genérica. E ressalva: "apenas os casos em que excepcionalmente esses atos não serão abertos”. Então, é franca e ampla a possibilidade do Poder Legislativo exercer este caso, aliás, neste caso, o seu poder de fiscalização. Portanto, me parece coerente com este princípio, com este procedimento nós poderemos pensar num Projeto semelhante a este, mas que não tenha estas características, que são fundamentalmente a idéia do convite e a idéia do controle externo.

Para concluir, poderíamos trabalhar com uma outra idéia, além dessa exigência do comunicado, que poderia ser de nós instituirmos a praxe e até mesmo uma exigência de que periodicamente a Comissão de Justiça e a Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara tenham acesso a todos processos e atos administrativos em desenvolvimento no âmbito do Poder Público Municipal. Isso parece-me que seria também uma iniciativa plausível e que vai nessa preocupação da transparência e do aperfeiçoamento entre as relações do Legislativo e Executivo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento do Ver. Leão de Medeiros, para que a discussão do presente processo seja adiada por duas Sessões. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

PROC. Nº 1225/91 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 085/91, de autoria do Ver. Gert Schinke, que institui o Programa Municipal de Ciclovias e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. João Motta: pela aprovação do Projeto;

- da CFO. Relator Ver. Luiz Machado: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Artur Zanella: pela aprovaçao do Projeto;

- da CEDECON. Relator Ver. Edi Morelli: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, antes de mais nada, eu quero declarar que acho que a ciclovia é uma coisa muito boa, mas, à semelhança da ciclovia outras coisas também não se realizam por Lei. Não basta uma lei para que os fatos aconteçam.

Em 1986, reiteradas vezes eu dizia: "A grande frustração do povo brasileiro há de ser a nova Constituição". E, nós estamos vendo, aí, que a grande frustração, mesmo, é a nova Constituição que tem que ser regulamentada, ainda, mas, em cima dela, muitas coisas desagradáveis aconteceram. Muitas estações de rádio, televisão, favores, aconteceram para que pessoas colocassem os seus pontos de vista na Constituição, que não valem grande coisa, mas têm de ser respeitada, porque tem que ser regulamentada, de repente, não sabemos o que fazer com o grande documento da vida do povo brasileiro. E, ao invés de melhorar as condições de vida, nós vemos que a vida dos brasileiros, a partir da nova Constituição, piorou e piorou enormemente. Então, temos que ter cuidado com as leis. Tenho dito que leis não devem ser confundidas com histórias em quadrinhos feitas em quantidade para agradar. A ciclovia, no meu entendimento, não deve ser um Projeto de Lei, deveria ser uma luta que o Ver. Frederico Barbosa iniciou nesta Câmara, não teve sucesso, mas que poderia, e deve ser continuada, por alguém que usa a bicicleta, então, tem autoridade, até, para fazer uma campanha, insistir, precionar para que a ciclovia seja adotada onde der, onde puder, mas não uma lei para que se faça ciclovias. As comissões examinaram. A Comissão de Justiça disse que tinha mérito; a Comissão de Finanças analisou a presença do Art. 122 da Lei Orgânica, deveria a Comissão de Justiça ter falado! Mas, isso não é o problema, o Projeto estabelece as condições em que deva-se implantar ciclovias, ao mesmo tempo em que o art. 5 diz que: “O órgão público municipal, competente, elaborará o programa da implantação das ciclovias, no qual indicará os locais com respectivo estudo de viabilidades técnicas, fontes de recursos financeiros e cronograma de efetivação num prazo de seis meses, a contar da data da presente Lei”.

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aqui ele diz como é que as ciclovias poderão, Lei não diz poderão ou é, ou não é. Mas a Lei, aqui, está dizendo poderão. Então, fico na dúvida, em cima de pistas de rolamentos das vias públicas, em cima das calçadas, em outros espaços públicos, combinando as três formas anteriores. Mas o art. 5º diz que o planejamento é que vai decidir onde.

Então, nós não temos que fazer leis, temos é que fazer uma campanha, porque acreditamos na ciclovia, porque acreditamos na bicicleta, para que o Executivo, dentro das possibilidades técnicas e financeiras venha a adotar esta medida que parece agradar a muita gente da população e que, hoje, eu não recomendaria, como não recomendo a ninguém andar de bicicleta. O meu filho comprou uma bicicleta e eu disse a ele: pelo amor de Deus, meu filho, comprastes uma bicicleta? Ele disse: pai, a bicicleta vai me dar condições. E no primeiro dia em que ele saiu com a bicicleta foi atropelado, porque ninguém respeita bicicleta.

Então, o Ver. Gert Shinke está certo em dizer que temos que ter ciclovias até para exercitar aqueles que pretendem fazer exercícios. Por sorte o meu filho não teve problemas maiores, mas sua bicicleta, no primeiro dia, quase virou sucata, teve que trocar as duas rodas porque não servia para mais nada.

Então, na realidade, precisamos, sim, ciclovias, mas deve ser uma campanha de um Vereador da Casa, enfim, e não um projeto de lei instituindo um programa de ciclovias que caberia ao Executivo Municipal, se fosse do seu interesse. Mas colocado muito bem a partir da Secretaria de Planejamento que diria os recursos, diria os locais e a viabilidade. Acho que deveria ser feita uma campanha do Vereador em cima do seu projeto, que ele realmente acredita e demonstra que acredita porque trafega numa bicicleta e o faz até com muita competência como esses dias pude observar e chamei-lhe a atenção para um aplauso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, Ver. Nereu D'Ávila.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos discutindo o Processo nº 1225, PLL nº 085/91, que institui o Programa Municipal de Ciclovias e dá outras providências.

Ao contrário do Ver. João Dib, eu acho que nós devemos, sim, ter um programa de ciclovias em Porto Alegre. S. Exª, o Ver. Dib, aconselha que o Vereador autor do Projeto, Gert Schinke, continue com a sua campanha de ciclovias. Em primeiro lugar, se notou, ao longo dos anos, que a campanha é inócua, porque o Ver. Gert Schinke não é o autor da idéia, o autor da idéia é o ex-Ver. Frederico Barbosa. Na Legislatura anterior, e em outra anterior, a de 1982 a 1988, sempre bateu na tecla para a instituição de ciclovias em Porto Alegre. Então, mais de 10 se escoaram e o Ver. Frederico Barbosa não teve resultados práticos de sua campanha. E agora, muito oportunamente, é encampada pelo Ver. Gert Schinke. E mais: há no Rio de Janeiro, agora na Administração do companheiro de Partido Marcelo Alencar, a instituição na Zona Sul do Rio de Janeiro esse Projeto das ciclovias. E a bicicleta, como se percebe em Joinville, que é uma cidade catarinense extremamente industrializada, é o grande veículo moderno, não poluente, leve, e recomendado cientificamente como um grande exercício. De modo que a questão do atropelamento do filho do Vereador é excepcional, até por que não há ciclovias, não são respeitadas porque não há institucionalização. O Vereador não está obrigando ninguém, ele está criando um programa Municipal de Ciclovias. Acho a idéia excelente, e, até por coerência, quero para Porto Alegre o que está sendo instituído no Rio, pelo Prefeito Marcelo Alencar. Claro que há lá algumas campanhas dirigidas, mas é mais uma questão pessoal de alguns jornalistas com o Prefeito do que propriamente em relação ao Projeto de ciclovias, e há os transtornos normais das obras que estão sendo realizadas. Votamos aqui, outro dia, um programa, no qual também votei favorável, para as escolas infantis de Porto Alegre. Isso é apenas a criação de um programa, mas a sua aprovação terá um grande significado, porque mostrará que a Câmara institucionalmente preocupou-se com a situação. O Ver. Frederico Barbosa, e lhe faço a maior justiça, lutador sempre incansável pela instituição da bicicleta em Porto Alegre, nunca colocou no papel a sua idéia. O Ver. Gert, mais ágil, colocou, mas de uma maneira que não tira a validade da continuidade da luta pela bicicleta. Todos os que podem devem fazer exercícios de bicicleta. É uma situação de lazer, mas pode ser um veículo de transporte. Na semana passada, houve uma reportagem, na "Zero Hora", de página inteira, a respeito de trabalhadores que estão indo a pé para os seus locais de trabalho por falta de dinheiro para pagar a passagem. A medida em que arrocharmos essa situação, tenho certeza, porque estamos num país de miséria, as empresas incentivarão o uso de bicletas. Quem sabe poderíamos até obrigá-las a isso. Claro, estou falando em tese, evidente com as conotações que deverão ser adaptadas às distâncias. Mas a bicicleta poderia ser uma opção. Porto Alegre não é uma Cidade como São Francisco, na Califórnia ou outras cidades brasileiras que tenham conformação de aclives e declives. Então Porto Alegre é uma Cidade que pode se adaptar também ao programa para bicicletas. Por isso eu acho que o projeto tem mérito sim, porque é um projeto que abre nova visão do futuro. Porque não é possível que, licenciando 2.000 automóveis por mês numa Cidade como Porto Alegre que todos reclamam que o trânsito está insuportável. Só que se alega como alegou-se aqui num Projeto do Ver. Mano José que os motoristas são os grandes culpados. Eu acho que os motoristas, até pelo “stress”, que os motoristas de ônibus, por exemplo, têm, há muito poucos acidentes. São homens que levantam pela madrugada, dirigem o dia todo uns monstros daqueles, precisa muita força física. Há realmente muito pouco acidente, dado ao “stress” que a pessoa humana é levada num trânsito que está se tornando caótico e todos admitem, só que as opções não estão sendo criadas. Pois aqui está uma opção, que aliás, está se impondo até pela falta de dinheiro para se andar de ônibus. Então eu vejo sinceramente, repito, por estar acompanhando o Projeto, no Rio de Janeiro, do Prefeito Marcelo Alencar, me chamou a atenção esta reportagem em cima de operários andando a pé por não poderem pagar o ônibus, pode ser criado aí uma oportunidade das empresas fornecerem bicicletas aos seus operários, pelo menos uma parte deles. E há necessidade de opções futuras do transporte coletivo, porque se uma Cidade como Porto Alegre não é uma cidade como outras, Belo Horizonte e outras grandes cidades que podem alargar, emPorto Alegre há uma concentração a respeito das distâncias. Então, por todos esses motivos, eu creio que a iniciativa do Vereador é válida e está começando o primeiro gesto no sentido da institucionalização da bicicleta através de um programa que não obriga mas que vai apertando o cerco no sentido de que o Poder Público comece a pensar nesta possibilidade. Técnicamente não vou abordar porque não me compete, é um problema de engenharia viária que eu não aventuraria ilações, mas quanto ao mérito do processo eu entendo que é sem dúvida nehuma digno de encômios eterá, de minha parte, o voto favorável. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Gert Schinke.

 

O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero registrar a presença de representantes da AGAPAN e ADFG que estão prestigiando neste momento a votação deste Projeto e eu vou tentar ser bastante breve, 10 minutos, para abordar a complexidade de toda esta questão cicloviária e da importância que isto tem para a nossa sociedade é realmente pouco. Por isso é um malabarismo de síntese que me obriga a dizer poucas palavras. Inicialmente, resgatando alguns conceitos sobre o que pretendemos. Para o que é? Para que vem a ciclovia? Ela vem para atender duas funções: uma de lazer e outra de transporte, sempre essas duas funções estão combinadas entre si quando se anda de bicicleta. Trata-se de um veículo de transporte, aliás que precedeu o automóvel, muito antes de existir o automóvel já existia a bicicleta. Foi um dos primeiros equipamentos da revolução industrial. A bicicleta, hoje, como meio de transporte e de lazer, resgata o exercício da cidadania por uma razão muito simples: as nossas cidades, no decorrer das últimas décadas, e principalmente no Brasil se deu este fenômeno elas se desenvolveram a partir de uma ótica que priorizou o automóvel. Esta é a realidade de nossas grandes cidades, por ser o automóvel um veículo, digamos assim, de privilégio de uma pequena minoria, é a classe dominante na nossa sociedade e por esta razão também fez com que ao longo dos anos recaísse sobre a bicicleta um sentido meio pejorativo. No Brasil, ao contrário dos países desenvolvidos, a bicicleta é considerada um veículo de pessoas pobres, de pessoas de classe social inferior. Ora, e se diz ainda na imprensa aparece lá o primeiro Ministro da Suécia andando de bicicleta, isso é a coisa mais comum na Europa, nos países desenvolvidos, aqui é considerado um veículo de categoria inferior, por essas razões culturais, por essas razões políticas, e etc. Então o resgate da cidadania é fundamental.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Gert Schinke, V. Exª sabe que desde o momento que eu tive a oportunidade de verificar o seu Projeto, eu fui favorável ao Projeto. E eu acrescento mais um item ainda, V. Exª disse que além de ser um lazer é um meio de transporte, eu acrescento mais um ainda, eu acho que é salutar, é saúde, porque além de ser um meio de locomoção, além disso é até uma maneira da própria pessoa fazer exercício que vai trazer benefício a sua saúde, e sabemos Vereador que na França, um País do primeiro mundo, a bicicleta é respeitada até mais do que um automóvel, e lamentavelmente aqui no nosso País, quando os próprios condutores dos automóveis, se dão com a pessoa andando de bicicleta, sequer tem o mínimo de respeito. E lá V. Exª sabe, a punição é pesadíssima, eu acho que V. Exª está certo, vou votar favorável ao seu Projeto, e digo mais, esperamos que a Casa aprove o Projeto, porque nós estaremos renovando a nossa Cidade, nós estaremos dando um meio para nossa Cidade, para essas pessoas que têm condições de comprar a sua bicicleta e não compram porque não há respeitabilidade, e assim essas pessoas vão ter um meio de transporte e o respeito dos condutores de veículos. Muito obrigado.

 

O SR. GERT SCHINKE: Eu agradeço o seu aparte. Como eu adiantei eu não poderia me aprofundar em detalhe, mas a questão muito bem lembrada da questão de saúde que está colocada também, é evidente que é mais um argumento a favor do incentivo, a que as pessoas optem, tenham essa opção de se locomover de bicicleta dentro das grandes cidades. É evidente que se nós compararmos a realidade do Brasil com outros países, como a França, a Alemanha, vamos ver que nesses países o uso da bicicleta se desenvolveu por quê? Não só por razões culturais, mas também porque o Poder Público desses países tomou a si a iniciativa de desenvolver programas para a construção de malhas cicloviárias, de incentivar programas educativos que mostram a bicicleta como opção. E quando falamos em andar de bicicleta, na questão das ciclovias, não estamos impondo a ninguém andar de bicicleta. É fundamental que se conheça isso: não queremos que as pessoas sejam obrigadas a largar o ônibus, a deixar de andar a pé, ou andar de automóvel, que tanto estimam. Andar de bicicleta não se trata de uma obrigação - e aí entra a questão da cidadania - mas sim de uma opção que resgata a possibilidade de as pessoas que querem optar por esse tipo de transporte de se locomoverem com segurança na Cidade. Há poucos dias votamos aqui aquela controvertida e polêmica lei das costeletas, das ondulações, onde o eixo da questão é a segurança das pessoas, e esse projeto trata exatamente da mesma questão. Ou seja, é impossível, nesse trânsito caótico, onde os motoristas, em geral, não têm disciplina e educação para respeitar a vida humana, haver segurança, e é imprescindível que essa segurança seja assegurada às pessoas que optem por andar de bicicleta. Os acidentes, o atropelamento de pessoas faz parte do cotidiano das nossas vidas. A quem deve atender uma malha cicloviária? A todas as pessoas, dos oito aos oitenta anos de idade. É uma questão universal, para pobres e ricos, para ambos os sexos. Não há discriminação nenhuma e, por isso, uma vez proporcionada a possibilidade de se locomover com segurança, a opção pela bicicleta torna-se massificante, tremendamente, até por uma razão econômica, muito bem lembrada pelo Ver. Nereu D'Ávila. A razão, econômica, hoje, faz com que muitos trabalhadores e jovens, principalmente, possam locomover-se para os seus trabalhos e para as suas escolas. A juventude universitária na Europa, por exemplo, se locomove massivamente de bicicleta para as universidades. Evidentemente que aqui, por ser a universidade elitista, muitos vão de automóvel, mas eles poderiam deixar seus automóveis em casa e optar por andar de bicicleta. E onde nós queremos que sejam implantadas as ciclovias? O nosso Projeto, companheiros, apenas estabelece parâmetros para tal, ele não indica nenhum local específico, ao contrário do que pretende aqui dar a entender o Ver. João Dib. Não se está indicando a Av. Ipiranga, por exemplo, que está caindo de madura para se construir uma ciclovia ali; não está se indicando a Av. Sertório; nem tampouco a Av. Cavalhada; apenas estão se estabelecendo os parâmetros que deveriam ser levados em conta para a construção de ciclovias. A idéia, portanto, é a concepção de se construir dentro de um sistema intermodal, onde uma malha cicloviária estaria ligada ao já existente sistema de transporte. Aliás, em relação a esse enfoque...

 

O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Ver. Gert Schinke, o tempo de V. Exª esgotou-se. Eu me inscrevo e cedo meu tempo a V. Exª.

 

O SR. GERT SCHINKE: Agradeço a V. Exª… Mas, eu estava colocando que a concepção da construção de ciclovias tem que ser dentro de um sistema de transporte, concepção que integra o sistema de transporte já existente, portanto, a idéia dos bicicletários, que foi uma lei por nós aqui aprovada, a idéia de um programa de ciclovias integrada a um sistema de transporte coletivo urbano já existente. Nós teríamos, então, ciclovias que combinam todos os sistemas já existentes. Isso aí pode dinamizar tremendamente as opções de transporte do ponto de vista da sua eficiência, da rapidez e do ponto de vista também econômico, sem dúvida nenhuma através de diversos mecanismos de incentivo, onde se pagaria tarifas. Uma idéia ao Ver. Clovis Ilgenfritz, que já foi Secretário de Planejamento, onde o trabalhador ao pagar uma taxa no bicicletário, já pagaria uma taxa integrada dentro da pasagem de ônibus, como é feito em sistema de transporte coletivo e individual em diversos países e aqui também. Então, nós teríamos a idéia da passagem integrada, também propiciando esses mecanismos de incentivos a ciclovias.

Mas quero mostrar algumas coisas para os Srs. Vereadores, fazendo justiça a um passado e dizendo que essa idéia realmente não é minha. A idéia das ciclovias, é uma bandeira do Movimento Ecológico a nível mundial, apenas o que procurei fazer, foi resgatar essa idéia, foi trazer ela a tona de novo pela sua importância nos dias atuais. Tem coisas que já datam da década passada, por exemplo: este estudo do GEIPOT, do Ministério dos Transportes, data de 1976. Tem outros estudos de malhas cicloviárias apresentadas e bastante recente na Cidade de Belo Horizonte, tenho em mãos aqui, inclusive é de conhecimento do Prefeito Olívio Dutra. Tenho também nas minhas mãos um estudo de um plano cicloviário na Cidade de Governador Valadares em Minas Gerais, são estudos muito bem feitos na concepção de malhas cicloviárias. E tenho uma preciosidade em mãos, que realmente me trouxe uma enorme satisfação, eu queria mostrar aos Srs. Vereadores de quando data esta idéia do uso da bicicleta como meio de transporte e como o poder público, já há muito tempo pensa nesta questão. Isto aqui é a cópia de um mapa de uma malha cicloviária na Alemanha que data de 1900. Então nós não estamos falando de uma coisa que eu inventei, ou que é inédita, ou que é de ontem, não, nós estamos falando de uma coisa que já no Brasil chega tarde, está caindo de maduro. E quero mostrar um mapa, mostrar o que a Prefeitura de Porto Algre neste sentido já conseguiu trabalhar, seguramente o Ver. Clovis Ilgenfritz já tem conhecimento disto, que data de 1981. E o ex-Prefeito João Dib também deve se lembrar disto. É uma idéia preliminar, um estudo de uma malha cicloviária de 1981, feito por uma comissão da Secretaria do Planejamento, aqui em Porto Alegre. Temos, é claro, objeções a algumas questões que são colocadas aqui, inclusive, do ponto de vista da concepção. Mas, é o acúmulo que já existe na Cidade de Porto Alegre, que já data há mais de una década.

Quero citar uma matéria que me chamou a atenção e é importantíssima para embasar a nossa discussão, na última revista Scala que é um orgão informativo da República Federal da Alemanha, onde a Federação de Automóveis Clube da Alemanha faz recomendações no que toca a políticas públicas de transporte, para diminuir o acesso de automóveis nas grandes metrópoles alemãs. E um dos itens que me chamou a atenção é o seguinte: serão construídas zonas de tráfego desconcentradas. - Olhe só Ver. João Dib, V. Exª que já foi Prefeito - isto recomendado pela Federação dos Automóveis Clube da Alemanha, não é pelos ciclistas, ''serão construídas zonas de tráfego desconcentrado, calçadões, vias exclusivas para ciclistas e para pedestres". Entre os vários itens que eles arrolam numa política de fazer com que as cidades sejam viáveis, porque os automóveis estão acabando com elas.

São esta série de dados que queria trazer à tona, esclarecendo que estamos numa campanha permanente por esta questão das ciclovias. Ao longo do meu mandato, é do conhecimento de todos os Vereadores, além do praticar o andar de bicicleta e com isso mostrar com base no meu exemplo que é posssível esse meio de transporte, um elemento educativo que é necessário trabalharmos. E nós fizemos uma campanha permanente no sentido da construção das ciclovias. Tomamos várias iniciativas junto a Prefeitura Municipal, ao longo desses 2 anos e meio. Eu queria esclarecer, principalmente aos companheiros ligados ao PT, a Bancada do PT, eu apresentei esse Projeto em maio deste ano, por uma única razão, porque até então ao longo de dois anos a Prefeitura Municipal não tomou uma medida concreta de estabelecer um programa nessa linha. Eu lembro-me, ainda quando em 1989, o Secretário do Planejamento, Ver. Clovis Ilgenfritz, com um sorriso nos lábios, com os olhos encantados do que ele viu na Holanda dizia: “Alemão Gert, essa idéia das ciclovias está caindo de maduro, nós estamos atrasados décadas do que aqueles caras estão fazendo lá. O Fidel Castro, Vereadores do PT já se deu conta que a problemática da energia e a problemática econômica que Cuba está enfrentando, mandou importar 700 mil bicicletas para Cuba. Mas Vereadores do PT, nós temos que nos basear nos exemplos do Fidel. O Fidel Castro com a lucidez, com o dinamismo de um governante dos mais lúcidos desse século, já introduziu a bicicleta como meio de transporte para a juventude cubana; está fazendo um dos programas mais fantásticos hoje de macroinstitucionalização das ciclovias.

Então, vamos lá, está caindo de maduro, é evidente que a Bancada do PT exemplificando-se no Fidel Castro e em outros dirigentes socialistas internacionais como: Felipe Gonzales que anda de bicicleta diariamente e outros, e o Lula gosta de visitar nas suas viagens  na Suécia, Alemanha, os partidos verde, e os partidos verde de todo o mundo vão,  sem dúvida nenhuma dar o apoio maciço a esse Projeto. Mas eu queria alertar a Bancada do PT para outra coisa: hoje já existem créditos a fundo perdido do Banco Mundial, Ver. José Valdir, veja só, dê um puxão de orelha no Secretário de Planejamento para que ele use esses créditos a fundo perdido para fazer os estudos de viabilidade de ciclovias que não vão custar um tostão para a Prefeitura, isso pode ser feito hoje, existe isso. Bem, a par de tantos exemplos de malhas cicloviárias e de ciclovias ao longo do Rio Grande do Sul, no Brasil, que não caberia, aqui, citar, várias delas vocês já conhecem! O importante é que esse nosso Projeto de Lei, ele demarca um passo, uma iniciativa no sentido de que a Prefeitura incorpore, definitivamente essa idéia e se jogue na feitura de uma malha cicloviária em nossa Cidade. Nós temos que ver com vistas ao ano 2000, companheiros! Este é o tipo de Projeto que diz respeito ao que nós vamos viver daqui a 8, daqui a 10, daqui a 20 anos na nossa Cidade. Esse é o alcance desse Projeto. Muito obrigado pela atenção.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. José Valdir por 10 minutos.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o meu pensamento nessa última meia hora passou por uma grande evolução. No início eu estava convicto, absolutamente convicto que tinha de votar a favor desse Projeto; depois, comecei a reler o Projeto e a ficar com umas dúvidas e, depois do pronunciamento do Ver. Gert Schinke fiquei com mais dúvidas ainda. Nada em relação a importância da bicicleta, tudo isso que foi colocado, aqui, inclusive, pelo relato dado pelo Ver. Gert Schinke nos países do Primeiro Mundo, isso cada vez mais se torna um transporte alternativo. Aliás, existe muita coisa boa nos países do Primeiro Mundo. Nada em relação a isso! A valorização crescente da bicicleta como meio de transporte, seja por razões econômicas, seja por razões de saúde, evidentemente que é uma questão que cada dia mais se coloca como uma saída para o transporte alucinado dessas verdadeiras megalópoles modernas. A dúvida que estava me ocorrendo era com relação ao custo e a forma de operacionalização desse Projeto, alocação de recursos. Parte disso, relendo o Projeto, eu entendi! O Projeto, ele institui o sistema, o programa de ciclovias, mas não cria o programa porque no art. 5º ele diz - e, aí, eu fui inclusive pedir ao Ver. Adroaldo que me ajudasse na interpretação "o órgão competente será a Secretaria do Planejamento ou a Secretaria dos Transportes. É que vai de fato criar o programa. E tem seis meses para criar este programa. Só que neste projeto - e aí vem a minha última dúvida - não fala nada, apenas fala que o órgão competente deve criar o programa. E o Ver. Gert Schinke, sobre a questão dos recursos, citou que tem dinheiro a fundo perdido no Banco Mundial, e que tem inclusive para outras coisas, que às vezes se consegue e outras vezes não. Mas a grande omissão neste Projeto é a questão da participação da população na discussão da implantação e dos custos deste Projeto. Eu digo, isto Ver. Gert Schinke, Vereador sem partido, já que V. Exª falou tanto em Vereadores do PT. Eu digo isto porque esta proposta é muito importante, até mesmo para ser aprofundada pelo movimento popular, para ser discutido no orçamento participativo e, aliás, acho que esta questão ecológica tem que descer das instituições especializadas e começar a ser discutida pelo movimento popular, ser aprofundada no movimento comunitário e, inclusive, enfrentando, quem sabe, uma discussão até mais rebaixada porque o pessoal não tem tanto domínio técnico, tanta informação. E acho que esta questão das ciclovias,  o custo disto, como que vai ser implantado? Isso teria que ter no Projeto um item, uma Emenda dizendo que esta proposta, que pode ser o órgão competente ou os órgãos competentes que vão apresentar, tem que, necessariamente; passar pela discussão do orçamento participativo, porque os recursos a gente sabe que em qualquer circunstância e numa cidade como Porto Alegre e até na vida pessoal da gente, são escassos, isso significa dizer que, para fazer determinadas coisas, nós temos que tirar recursos de uma coisa para colocarmos numa outra. Se hoje, Ver. Gert Schinke, como V. Exª diz que temos que pensar no ano 2000, significa implantar ciclovias mas significa também colocar nas vilas esgotos, água, escolas nas vilas e tudo isso significa recursos. O que nós estamos fazendo em Porto Alegre, na Administração Popular, que agora V. Exª não se perfila mais, é justamente colocar esta discussão, já que os recursos são escassos, junto com o movimento popular organizado, e eu acho esta proposta importante, só que eu acho que deveria ter um item aí propondo isso, que essa discussão passasse dentro do movimento também, porque implica em retirar recursos de coisas que são importantes para este momento e para o ano 2000. Agora, quem tem que discutir isso, também, é o movimento popular.

 

O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. José Valdir, a construção das ciclovias não exclui nenhuma das demandas populares necessárias para garantir a qualidade de vida da nossa população, especialmente a de baixa renda. Aliás, eu acho que ela deve atender uma das questões, ela pode até melhorar no que toca ao transporte de curta distância, minorar o problema econômico de muitos trabalhadores, não é? A sua preocupação está contemplada em parte no art. 3º do Projeto, se V. Exª reler o art. 3º que possibilita que a comunidade tome a iniciativa de fazer uma ciclovia participando inclusive dela, agora isso não envolve...

 

O SR. JOSÉ VALDIR:  O plano comunitário, não é o que estou falando.

 

O Sr. Gert  Schinke: V. Exª está falando em outra dimensão da discussão. Isto é apenas uma abertura que o Projeto já contemplou nesse sentido. Eu não tenho como, a nível de redação de um Projeto desses, entrar no detalhe para obrigar que esse tipo de obra viária tenha que ser, obrigatoriamente, discutida pelo esquema do orçamento participativo. Mas é óbvio que ele vai ter que ser discutido, porque em se tratando de uma obra da Prefeitura, com base num estudo de um programa, se eu perguntar à população se ela quer ou não, é impossível, porque têm que existir estudos de demanda para isso, como esse que eu mostrei aqui da tribuna. A idéia de uma malha cicloviária será submetida à população. Não exclui isso de nenhuma maneira. Não estamos impondo nada à população, e os recursos, inclusive, podem ser obtidos da iniciativa privada, para fazer este tipo de obra. Não há necessidade de se tirar verbas necessariamente de outras obras.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Ervino Besson se inscreve, Ver. José Valdir, e cede o tempo a V. Exª, com a anuência dos Vereadores Clovis Ilgenfritz e Airto Ferronato.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gosto muito de uma frase que é usada seguidamente pelo nobre Ver. Dilamar Machado, que diz que ninguém se elege por um acaso. Todos nós, que nos elegemos, temos em nossa vida privada um trabalho, e a população, pelo seu voto democrático, nos elegeu para sermos seus legítimos representantes. O Ver. Gert Schinke também teve uma idéia de trabalho, onde ele fez sua campanha em cima de uma bicicleta, onde ele teve o aval de praticamente quase 5 mil pessoas. Portanto, veja que a idéia do Ver. Gert Schinke foi plenamente aceita por uma grande parte da população de Porto Alegre.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Isso não resolve os problemas, então basta que qualquer um faça campanha em cima de uma idéia para ter que votar a favor de qualquer Projeto? Quero dizer o seguinte, Ver. Gert Schinke: estamos discutindo o Projeto e o óbvio tem que estar escrito. Eu tenho aprendido, por exemplo, que em História não existe "se". "se houvesse...", "se existisse ...": isso não existe em História, porque, se tivesse havido isso, se acontesse aquilo, a História seria diferente, óbvio. O mesmo em relação ao Projeto. Eu não acho que tudo isso é óbvio; se é óbvio, poderia estar escrito. Não é tão óbvio. O artigo que V. Exª diz estar contemplado não contempla nada, porque é bem diferente. É outra coisa. Nada do que digo está excluindo. Estou dizendo que não consta no Projeto. Se V. Exª acha que não precisa constar, aí reside o ponto da divergência. Acho que alguns aspectos devem estar precisos, devem ser claros.

O Ver. Gert Schinke há pouco tempo saiu do PT, é um Vereador sem partido, e que tem acusado a Administração, há pouco fez isso, se aprovarmos o Projeto assim como está, em seis meses fazer ciclovias ou apresentar um programa, tenho certeza de que antes de terminar o primeiro semestre, ele - embora tenha dito que é óbvio; que a população tem que discutir no próximo Orçamento, ele vai estar cobrando da forma mais veemente da Administração por justamente não ter implantado o programa.

De repente, se a Administração apresentar uma proposta, e ele não gostar, vai dizer que foi traído. É a minha dúvida, pois, aliás, ele já ensaiou isso, quando saiu do Partido e há pouco também colocou isso. Agora, imaginem se ele sobe nesta atribuna e diz “porque o Ver. José Valdir foi um dos que votou que em seis meses ia estar instituído o programa das ciclovias"? Tenho inclinação a votar a favor, mas vou deixar tudo bem às claras, porque, quando for cobrado, vou ter bem claro o meu voto. Não gosto de deixar dúvidas.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. José Valdir, nós vamos votar o Orçamento até o dia 29 de novembro deste ano para o exercício de 1992. Esse Orçamento que V. Exª falou que já foi construído num debate com a comunidade e que vem sendo debatido na Câmara de Vereadores que estabelece as prioridades para 1992. Os 6 meses cai já em 1992. O Ver. Gert Schinke tem uma excelente oportunidade de fazer uma Emenda, aliás teve, porque encerrou no dia 13 na Comissão de Finanças e Orçamento o prazo para apresentação de Emendas que sustentassem orçamentariamente o projeto que ele propõe, que considerou que poderia ser aprovado, até tem muitas possibilidades de ser aprovado. Porque, se não for assim, esse prazo de 6 meses interrompe o que for votado aqui, em relação ao orçamento, que não contempla o que a Lei prevê em 12 meses. Não tendo rubrica, onde o Município investirá? E se o Município não tirar de alguma rubrica será só por verbas extraorçamentárias. Essas que o Ver. Gert Schinke diz que podem ser buscadas na iniciativa privada ou a fundo perdido de programas apresentados ao Banco Interamericano, Recuperação e Desenvolvimento ou outros semelhantes. Para concluir, eu diria que o Ver. Gert Schinke não integrou a sua proposta, a sua bandeira de luta principal na discussão do orçamento deste ano e nem do ano passado, nem de 1989, porque não poderia, é obvio porque foi votado em 1988, mas, principalmente, não integrou em 1992 e aí o Ver. Gert Schinke tem que dar ao Município a chance de integrar para 1993 com a discussão com a comunidade.

 

O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. José Valdir, em cima do aparte do Ver. Adroaldo, eu diria que, encerrado o prazo de Emendas na Comissão, nada impede que o Ver. Gert Schinke, alertado por esse aparte inteligente, possa oferecer essa Emenda no correr da discussão do orçamento em plenário e por certo terá o apoio da Bancada do PDT. Eu sugiro a V. Exª, Ver. José Valdir e até estou concordando, em tese, com a sua dúvida em relação ao art. 5º, quem sabe uma emenda ampliando um pouco o prazo para a implantação do programa e incluindo nessa ampliação de prazo a discussão com a comunidade que V. Exª deseja. Agora, quanto aos demais, me conforma o projeto do Ver. Gert, me parece um projeto útil, inteligente, um projeto para o futuro e eu gostaria que V. Exª, retirada essa dúvida, não misturasse o fato do Vereador ter deixado o Partido dos Trabalhadores, que é uma questão pessoal dele, que não transformasse essa saída do Ver. Gert Schinke do PT numa questão pessoal e sim política, porque, independente da sigla partidária, assim como V. Exª, eu e outros Vereadores, nós continuamos Vereadores da Casa com direito a legislar e oferecer matérias à apreciação. É a colaboração que eu quero dar a inteligência desmedida de V. Exª.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Ver. Dilamar Machado, tanto que é uma questão política para justamente dizer que esta questão política está influenciando a outra questão política que estamos discutindo, que é o Projeto. É óbvio que é uma questão política, se fosse uma questão pessoal, eu não teria nem levantado. É claro que essas questões políticas, todas elas, se influenciam mutuamente, inclusive o Ver. Gert Schinke veio aqui e fez todo um discurso para cima da Bancada que nas entrelinhas nós sabemos muito bem o que está colocado.

Ver. Dilamar Machado, o problema não é a Emenda, o problema é que este orçamento foi discutido com a comunidade e, se for feita alguma Emenda prá colocar na ciclovia este ano, vai ter que se tirar de alguma outra coisa. Eu me louvo no aparte do Ver. Adroaldo Corrêa que para este próximo ano isto também não está incluído no orçamento. O que não significa que não possa fazer uma emenda deixando isso claro que, em seis meses, os órgãos competentes apresentam como está ali no art.5º os estudos e que isto iria à discussão do próximo orçamento, porque se não pode dar margem a interpretações diferenciadas, eu, exatamente, por uma questão política é que eu tento achar que temos que ter determinados cuidados.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, depois do aparte do Ver. Dilamar Machado, eu fico um pouco atrapalhado para colocar uma posição. É que o Ver. Gert Schinke colocou uma planta do Município de Porto Alegre onde estão tracejadas várias ciclovias. A planta aceita todas as coisas. Eu queria ver fisicamente onde seria colocada a primeira ciclovia. Agora, vou dizer uma coisa que eu nunca disse prá ninguém, mas vou dizer publicamente, como deve ser dito, como Prefeito eu tentei porque há 30 anos eu via a primeira ciclovia e achei que funcionava bem e como Prefeito eu tentei localizar nesta Cidade um trecho que pudesse fazer uma ciclovia, até para ligar nada com coisa nenhuma e, com honestidade, é uma obra barata e eu não achei onde colocar.

 

O Sr. Gert Schinke:V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para dizer que, em três ocasiões, Ver. José Valdir, Entidades Ecológicas e este Vereador estiveram com o Prefeito Municipal, no qual o Prefeito Olívio Dutra se comprometeu em colocar uma rubrica específica para estudo de viabilidades de ciclovias neste orçamento e ele não o fez. Esse compromisso está registrado em três ocasiões,Ver. José Valdir, com as entidades ecológicas presentes, e S. Exª sabe perfeitamente que o Movimento Ecológico tem uma dificuldade de relação com o movimento popular, e de participação num processo inédito, aliás, pela primeira vez do orçamento participativo. Então, essa sua preocupação, me parece totalmente respondida com essa informação que estou lhe dando, só não queria trazer à tona essa informação, para não arranhar ainda mais a enrolação que houve com esse Projeto aí da ciclovia.

Agora, se V. Exª quiser, eu posso lhe apresentar não só os ofícios e as reuniões várias, e historiar aos demais Vereadores o que aconteceu durante 2 anos e meio, se S. Exª quer fazer esse desafio, eu me inscrevo de novo para relatar aos Vereadores.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, só para dizer duas frases, Ver. Gert Schinke, eu vi V. Exª apresentar uma proposta das reuniões do orçamento para aumentar a verba da SMAM. Segunda frase, V. Exª jamais levou a discussão das ciclovias para dentro da discussão do orçamento participativo, ponto final. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Clovis Ilgenfritz. Ausente. Com a palavra o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando nós discutimos, aqui, ciclovias, acredito que é um momento oportuno para se analisar algumas outras ligações do sistema do transporte aqui na Cidade, e a dificuldade que nós temos, até pela configuração física da Cidade de Porto Alegre, e do seu próprio Centro, onde tudo se dirige a este ponto. Em primeiro lugar, eu sou favorável à implantação das ciclovias em Porto Alegre, e até nós estávamos comentando, há pouco tempo atrás, aqui, em Porto Alegre, nós podemos implantar uma ciclovia que sai lá da Assis Brasil, divisa com Cachoeirinha, e outra lá na divisa com Alvorada, e nos dirigirmos a Belém Novo sem maiores dificuldades, devido à situação geográfica da Cidade, que não é uma região que tenha muitos morros, e também em outras regiões da cidade.

Quanto ao transporte, e ligar-se esse fato às ciclovias, e ao próprio orçamento participativo, que a Administração Popular tem dito, com freqüência, ser de sua iniciativa, e diz da sua validade, da sua importância, da sua necessidade, eu tive a oportunidade de sempre ratificar, mas dizer que, na verdade, essa é uma medida instituída pela Administração do Governo Simon. E devo, mais uma vez, ratificar isso. V. Exas, acompanharam aquele projeto da METROPLAN "Ação nas Vilas"? Foi aí que começou. Nós, do PMDB, temos a satisfação de dizer que fomos nós que instituímos o orçamento participativo, e a Administração Popular sempre disse que teve dificuldades iniciais na sua implantação. E concordo. Se é difícl à Administração Popular, também foi, é claro, para nós do Governo do PMDB, que foi o melhor governo da história do Rio Grande do Sul, e será melhor do que o Governo Collares, sem nenhuma dúvida.

Então, queremos, mais uma vez, cumprimentar a Administração Popular, pela forma de as pessoas poderem participar do orçamento participativo, que o PMDB sempre defendeu.

Agora, uma coisa é oportuna dizer, e há tempo já queria falar sobre isso; ali no Parque Humaitá é um ponto interessante à cidade se quisermos pensar a nível de ano 2000, ou 2100, porque ali temos o Aeroporto, uma Estação do Trensurb, a passagem de uma série de ônibus, nós temos ali um entroncamento de ônibus que vêm do interior. E temos ali uma situação complicada que tive a satisfação de conversar com a Ministra Dorothéa Verneck: ocorre que temos o Trensurb, empresa pública e que traz passageiros de Sapucaia até Porto Alegre, e que deve-se estender até Novo Hamburgo, só que a iniciativa privada, dois ou três proprietários de ônibus daquela região, não querem se integrar com o trensurb porque pretendem vir até Porto Alegre. Então, temos um trensurb com uma capacidade ociosa muito grande e se vende a idéia de que as entidades da administração pública são ineficientes. O que ocorre é que não há a integração que deveria existir. A minha proposição: ali no Parque Humaitá, para pensarmos no ano 2.000, deveremos levar a rodoviária de Porto Alegre, juntamente com uma ciclovia, até ali. Primeira idéia, uma ciclovia da Zona Norte até o Parque Humaitá e neste Parque implantamos a rodoviária de Porto Alegre, pois a rodoviária atual poder-se-ia transformar em rodoviária interurbana. Assim, temos uma possibilidade impar de se modificar para desafogar o centro da Cidade e, a partir daí, temos, na rodoviária que seria instalada no Parque Humaitá, a possibilidade de integração com o trensurb, que ali tem uma estação. A rodoviária para o transporte interurbano, que estaria localizada na atual rodoviária, também estaria servida de um ponto do trensurb e com isso teríamos condições de fazer uma integração rodoviária interestadual e intermunicipal, rodoviária da região metropolitana, ciclovia e mais o trensurb que é um meio de transporte que pode ser utilizado.  A Administração Popular não trouxe para esta Casa a discussão prévia sobre a situação do que se pretende implantar no Bairro Humaitá. Quem me conhece sabe que não sou contra, que sou a favor da melhoria de vida dos moradores das favelas de Porto Alegre e, mais uma vez, quero cumprimentar a Administração pelas iniciativas que têm tomado, só que, na verdade, precisamos pensar em termos de um debate público maior a respeito de como utilizar aquela região do Parque Mascarenhas de Moraes, e acho que é o momento interessante para nós pensarmos a cidade no seu todo em termos de meios de transportes. É a minha posição neste momento.

Para finalizar, gostaria de dizer, já que se falou tanto em "Ver. Gert Schinke, Vereador sem partido", o caminho da modernidade e do futuro é o PMDB. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa o Requerimento, firmado por dezessete Vereadores, que requer a realização de uma Sessão Extraordinária, hoje, para correr Pauta do Substitutivo do Ver. Lauro Hagemann ao Projeto do Ver. Isaac Ainhorn, e demais substitutivos em torno da abertura do comércio aos domingos. O Requerimento não pode ser votado nesta Sessão, porque esta já tem a sua Pauta específica de trabalho e, sim, na próxima Sessão Ordinária. Caso seja aprovado a Extraordinária ocorrerá, atendendo o pedido, logo após a sessão normal.

Com a palavra o Ver. Giovani Gregol por dez minutos.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores: não gostaria de me manifestar. Mas, na realidade, o assunto me diz muito respeito, o que torna difícil não me manifestar neste momento em que a Casa discute o Projeto do Ver. Gert Schinke.

O Projeto diz respeito, em muito, a questões que historicamente dizem respeito às bandeiras do movimento ecológico, às suas lutas e, principalmente, diz respeito à forma com que o movimento ecológico vê o mundo, a forma com que ele vê o mundo, a forma como concebe a problemática do transporte urbano, hoje.

É obvio que, nós, ecologistas, do Partido dos Trabalhadores, acreditamos que as ciclovias, que o transporte cicloviário é uma das melhores formas de transporte que existem, em especial nas cidades, porque esta é uma experiência já constatada e isso tudo já foi bastante discutido e comprovado, inclusive.

Este Vereador, em particular, sempre apoiou, mesmo antes de assumir à cadeira nesta Casa, como dirigente do movimento ecológico, como Secretário-Geral da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, várias gestões em outros cargos, como conselheiro e ficou militante do movimento sempre acreditando e apoiando esta luta e, depois, como Vereador, inclusive esta audiência a qual fez referência o Ver. Gert, com o Sr. Prefeito, em que esteve presente a Diretoria da AGAPAN, este Vereador também se fez presente apoiando a reivindicação, não poderia ser de outra maneira, como sempre fizemos do nobre Ver. Gert Schinke.

Realmente, me parece que o Ver. José Valdir andou bem, o art. 5º do Projeto, me parece assim em primeiro lugar pouco viável, para não dizer até mesmo inviável a implementação, parece que aqui há um erro, o projeto é bem elaborado, o erro inconteste de avaliação do tempo que demora a malha de transporte de uma Cidade ser planejada e ser executada com uma adaptação digna de respeito, e acho que todos queremos, o Vereador autor do projeto também, para as ciclovias. Não é verdade que Porto Alegre, como dizem alguns, é uma cidade em que as ciclovias são inviáveis. Não é verdade. Em que pese o nosso relevo acidentado, em termos relativos, a Cidade tem várias regiões que se prestam sobremaneira para a instalação de ciclovias. A primeira que me surge é a Av. Ipiranga, que é cicloviável de ponta a ponta e uma das mais longas do nosso Município. Outra é a Av. Sertório também uma região de concentração operária, de muitas indústrias, poderia ser usada principalmente por trabalhadores que têm poucos recursos. Citamos a Av. Sertório, a Av. Assis Brasil da mesma maneira, uma avenida longa, toda ela plana. É uma região que cresce em termos econômicos, industriais, culturais, comerciais.

Então, há em Porto Alegre onde se colocar as ciclovias. Agora, há também, e estamos numa Casa política, estamos falando com pessoas, homens e mulheres que fazem política, naturalmente, apenas a necessidade, ou apenas o desejo não faz com que as coisas se concretizem. E durante a discussão do orçamento, o Ver. Adroaldo Corrêa ressaltou muito bem, a discussão das ciclovias não transitou. Não vou entrar no mérito, no meu entender infelizmente não transitou, mas por que não transitou? Porque o Ver. Gert Schinke, especialmente ele e seu grupo de apoio, o seu coletivo de apoio, porque ninguém se elege, ninguém é candidato de si mesmo, ninguém faz uma boa vereança sozinho, ou com empregados, todos temos que ter o nosso coletivo. Então, o coletivo do Ver. Gert Schinke, inclusive, nós ecologistas do PT quando estávamos juntos, não tivemos força política de convencer o movimento popular da Cidade, as associações de bairros, os clubes de mães, de que isto era uma necessidade. E eles, não convencidos, eles não levaram esta reivindicação à discussão democrática do Orçamento. Conseqüência lógica disto, não constou no Orçamento. Esta é uma realidade de fato. E temo, como o Ver. José Valdir, que este art. 5º seja uma espécie de armadilha, uma espécie de pega-ratão e que se venha, na próxima eleição, fazer um proselitismo e um desgaste deste tipo de coisa.

Agora, poderia ser sanado isto. V. Exª pode me responder, Ver. Gert Schinke, através de uma Emenda. Isto se resolveria dentro de um prazo mais prolongado e não haveria problema. O projeto contaria com o meu voto e dos demais Vereadores do PT.

 

O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª tem que reler o art. 5º. Vou relê-lo para o Senhor: “O órgão público Municipal competente, elaborará o programa da implantação das ciclovias, no qual indicará os locais com respectivos estudos de viabilidade técnica, fontes de recursos financeiros e cronogramas de efetivação num prazo de 6 meses”. O que que diz? Eles estão obrigando a construção das ciclovias no art. 5º? Não, Vereador, S. Exª tem que ler o Portugûes, o Ver. José Valdir também não leu o Português ele tirou ilações do que estava escrito de que isso aqui significava construir as ciclovias, por isso remeteu a questão para o Orçamento. Ver. Giovani Gregol, isso pode ser feito com crédito a fundo perdido, com a vontade política do Prefeito de determinar o estudo de viabilidade. É só isso.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: V. Exª há de convir também que a língua, a mesma língua ela é passível de várias interpretações, não fosse assim não haveria pendengas judiciais, bastaria alguém ler o que está na Lei e estaria consolidado. Agora, eu quero dizer a V. Exª que V. Exª fez uma acusação séria ao Prefeito de Porto Alegre, Olívio Dutra, meu companheiro. Quero dizer que estava, como falei, presente na audiência e o Prefeito Olívio Dutra empenhou a sua simpatia pessoal à proposta das ciclovias. Sem dúvida nenhuma e confio no Sr. Prefeito que é um homem honrado, e o Prefeito Olívio Dutra está convencido disso. Agora, o Prefeito Olívio, V. Exª deve recordar bem, ele condicionou a execução das ciclovias à inclusão no orçamento por parte das comunidades envolvidas nessa proposta, V. Exª há de ser justo e reconhecer isso. O Prefeito não disse que iriam sair as ciclovias, porque ele queria, em primeiro lugar, não é um Partido de caciques; em segundo lugar é um Partido democrático. O Prefeito disse que ele estava convencido e lutaria por isso, mas, disse que condicionava à vontade das comunidades. E, as comunidades, Vereador, infelizmente não tiveram a vontade, até por culpa e responsabilidade de V. Exª, do seu coletivo e de nós todos, do movimento ecológico em geral, poderíamos dizer, assim. Essa é que é a verdade, portanto, não se pode imputar ao Prefeito responsabilidade porque não se construiu ainda uma ciclovia. Eu acho que nós temos que repensar isso, Vereador, transformar ciclovias despersonaliza, um pouco, todas as lutas ecológicas, inclusive, essas das ciclovias, desatrelá-los de pessoas e retomar o movimento social forte na Cidade que possa obrigar esse Governo e qualquer governo futuro a realmente executar essas ciclovias, inclusive da RIOCELL, porque é impossível ganhar uma luta contra um grupo tão poderoso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não há mais inscrições para discussão.  Vamos entrar no processo de votação e, para tanto, deve ser feita a verificação de "quorum". Solicitaria que o Ver. Airto Ferronato atuasse como Secretário "ad doc" da Mesa.

 

O SR. SECRETÁRIO “AD HOC”: (Procede à chamada nominal.) Há "quorum", Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Há “quorum”, colocamos em votação o Processo nº1225/91. Abertas as inscrições para os encaminhamentos.

Não havendo quem queira encaminhar. Em votação, os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO contra os votos do Ver. João Dib e do Ver. Lauro Hagemann, abstenção do Ver. Adroaldo Corrêa e duas Declarações de Votos dos Vereadores  José Valdir e Giovani Gregol.

Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à leitura da Declaração de Voto.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à leitura. da Declaração de Voto dos Vereadores José Valdir e Giovani Gregol.)

“Decidi por votar sim ao Projeto nº 085/91, depois que o autor esclareceu que o artigo 5º, do mesmo, prevê que o prazo de seis meses vale apenas para a apresentação do estudo de viabilidade pelo órgão competente, já que a implantação efetiva das ciclovias devem ser incluídas no orçamento de 1993, a menos que se consiga alocar recursos externos ou da iniciativa privada.”

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do Ver. Gert Schinke, solicitando seja o PLL nº 085/91 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1238/91 PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 087/91, de autoria do Ver.Clóvis Brum, que autoriza a criação do Sistema Municipal de Empregos - SIME e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver.C1ovis Ilgenfritz: pela rejeição do Projeto;

- da CEDECON. Relator Ver. Edi Morelli: pela rejeição do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn e subscrito por mais dezesseis Srs. Vereadores, solicitando a realização de Sessão Extraordinária na data de hoje, para que possa correr pauta o Substitutivo do Ver. Lauro Hagemann ao Projeto de Lei do Legislativo nº 198/91.

Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Nereu D'Ávila, para que o presente processo de nº 1238/91 tenha adiada sua discussão por 5 Sessões.

Não havendo "quorum" para a votação do Requerimento, encerramos os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 12h35min.)

 

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